segunda-feira, 9 de maio de 2011

Maconha: é hora de legalizar?









Por que um grupo cada vez maior de políticos e intelectuais – entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso – defende a legalização do consumo pessoal de maconha
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Fumar maconha em casa e na rua deveria ser legal? Legal no sentido de lícito e aceito socialmente, como álcool e tabaco? O debate sobre a legalização do uso pessoal da maconha não é novo. Mas mudaram seus defensores. Agora, não são hippies nem pop stars. São três ex-presidentes latino-americanos, de cabelos brancos e ex-professores universitários, que encabeçam uma comissão de 17 especialistas e personalidades: o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, de 77 anos, e os economistas César Gaviria, da Colômbia, de 61 anos, e Ernesto Zedillo, do México, de 57 anos. Eles propõem que a política mundial de drogas seja revista. Começando pela maconha. Fumada em cigarros, conhecidos como “baseados”, ou inalada com cachimbos ou narguilés, a maconha é um entorpecente produzido a partir das plantas da espécie Cannabis sativa, cuja substância psicoativa – aquela que, na gíria, “dá barato” – se chama cientificamente tetraidrocanabinol, ou THC.
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Na Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, reunida na semana passada no Rio de Janeiro, ninguém exalta as virtudes da erva, a não ser suas propriedades terapêuticas para uso medicinal. Os danos à saúde são reconhecidos. As conclusões da comissão seguem a lógica fria dos números e do mercado. Gastam-se bilhões de dólares por ano, mata-se, prende-se, mas o tráfico se sofistica, cria poderes paralelos e se infiltra na polícia e na política. O consumo aumenta em todas as classes sociais. Desde 1998, quando a ONU levantou sua bandeira de “um mundo livre de drogas” – hoje considerada ingenuidade ou equívoco –, mais que triplicou o consumo de maconha e cocaína na América Latina.
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Em março, uma reunião ministerial na Áustria discutirá a política de combate às drogas na última década. Espera-se que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, modifique a posição conservadora histórica dos Estados Unidos. A questão racial pode influir, já que, na população carcerária americana, há seis vezes mais negros que brancos. Os EUA gastam US$ 35 bilhões por ano na repressão e, em pouco mais de 30 anos, o número de presos por envolvimento com drogas decuplicou: de 50 mil, passou a meio milhão. A cada quatro prisões no país, uma tem relação com drogas. No site da Casa Branca, Obama se dispõe a apoiar a distribuição gratuita de seringas para proteger os viciados de contaminação por aids. Alguns países já adotam essa política de “redução de danos”, mas, para os EUA, o cumprimento dessa promessa da campanha eleitoral representa uma mudança significativa.
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A Colômbia, sede de cartéis do narcotráfico, foi nos últimos anos um laboratório da política de repressão. O ex-presidente Gaviria afirmou, no Rio, que seu país fez de tudo, tentou tudo, até violou direitos humanos na busca de acabar com o tráfico. Mesmo com a extradição ou o extermínio de poderosos chefões, mesmo com o investimento de US$ 6 bilhões dos Estados Unidos no Plano Colômbia, a área de cultivo de coca na região andina permanece com 200 mil hectares. “Não houve efeito no tráfico para os EUA”, diz Gaviria.
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Há 200 milhões de usuários regulares de drogas no mundo. Desses, 160 milhões fumam maconha. A erva é antiga – seus registros na China datam de 2723 a.C. –, mas apenas em 1960 a ONU recomendou sua proibição em todo o mundo. O mercado global de drogas ilegais é estimado em US$ 322 bilhões. Está nas mãos de cartéis ou de quadrilhas de bandidos. Outras drogas, como o tabaco e o álcool, matam bem mais que a maconha, mas são lícitas. Seus fabricantes pagam impostos altíssimos. O comércio é regulado e controla-se a qualidade. Crescem entre estudiosos duas convicções. Primeira: fracassou a política de proibição e repressão policial às drogas. Segunda: somente a autorregulação, com base em prevenção e campanhas de saúde pública, pode reduzir o consumo de substâncias que alteram a consciência. Liderada pelos ex-presidentes, a comissão defende a descriminalização do uso pessoal da maconha em todos os países. “Temos de começar por algum lugar”, diz FHC. “A maconha, além de ser a droga menos danosa ao organismo, é a mais consumida. Seria leviano incluir drogas mais pesadas, como a cocaína, nessa proposta”.



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EXPERIÊNCIA
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Os ex-presidentes Ernesto Zedillo, César Gaviria e Fernando Henrique (da esq. para a dir.), em encontro no Rio, na semana passada. Eles defenderam a revisão das leis contra as drogas e a descriminalização da posse de pequenas quantidades de maconha
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O que pode parecer a conservadores uma tremenda ousadia não passa, na verdade, de um gesto simbólico do continente produtor de drogas, a América Latina. Um gesto com os olhos voltados para o Norte, o hemisfério consumidor por excelência. Nos Estados Unidos, ainda se encarceram usuários na maioria dos Estados, e a Europa faz vista grossa ao consumo, mas não muda sua legislação. A comissão latino-americana acha “imperativo retificar a estratégia de guerra às drogas dos últimos 30 anos”. Nosso continente continua sendo o maior exportador mundial de cocaína e maconha, mas produz cada vez mais ópio e heroína e debuta na produção de drogas sintéticas. Um maior realismo no combate às drogas, sem preconceito ou visões ideológicas, ajudaria a reduzir danos às pessoas, sociedades e instituições.
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Há quem discorde dessa visão, com base em argumentos também poderosos. Com a liberação do consumo da maconha, mais gente experimentaria a droga. Isso aumentaria o número de dependentes e mais gente sofreria de psicoses, esquizofrenia e dos males associados a ela. Mais gente morreria vítima desses males. “Como a maconha faz mal para os pulmões, acarreta problemas de memória e, em alguns casos, leva à dependência, não deve ser legalizada”, afirma Elisaldo Carlini, médico psicofarmacologista que trabalha no Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas (Cebrid). “Legalizá-la significaria torná-la disponível e sujeita a campanhas de publicidade que estimulariam seu consumo”.
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16 comentários:

Anônimo disse...

legalizaa sim,porque estamos em um mundo que quase todos usam a maconhaa,como forma de relaxe,se espressar e outras virtudes que quem fuma conhece.Todos sabemos que ela também prejudica,mais pra quem fuma para se sentir melhor isso er bom.
-obrigado

Samaryna disse...

Hugo, eu já presenciei o uso de cocaína nas ruas. E aí, vamos liberar esta droga também? O que falta é uma consciência espiritualizada para prepararmos os jovens a se defender. Deixo o meu afeto

Wanderley Elian Lima disse...

Sinceramente Hugo, ainda não tenho um conceito formado sobre o assunto. Esse é um tema bastante polêmico.
Bjus

Kamylla Cavalcanti disse...

Delicada essa questão , mas acho que legalizar só iria facilitar a entrada de jovens e crianças mas rápido no vício e consequentemente a destruição de famílias inteiras.
bjs amore ;)

Vivian disse...

...Hugo querido,
tudo que é proibido tem
um saborzinho diferente,
mas mesmo assim eu não
sei onde dará o final
deste embroglio frente
aos nossos adolescentes
carentes de uma cuidadosa
educação.

enfim...

bj, meu lindo!

Diogo Didier disse...

Tá a maior polêmica no meu blog por causa desse texto...mas, independene de qualquer coisa, eu sou contra a comercialização dessa erva...a cultura do Brasil não está preparada para isso ainda!

bjoxxxxxxxxxxxxxx no coração!

Majoli disse...

Ah, sei não.
Fico ainda perdida nessa, sem opinião formada.
Penso nos meus meninos, na continuidade do uso e na caminhada rumo ao que vem depois da maconha.
Queria mesmo é que não existisse droga alguma, seria tudo bem melhor ao meu ver.

Beijos meu querido Hugo.

...EU VOU GRITAR PRA TODO MUNDO OUVIR... disse...

Hugo!

Náo me julgo capaz de opinar sobre assunto tão delicado que envolve tantas questões!

Pessoalmente tenho a dizer que as "drogas lícitas" como o álcool terminaram por minar minha própria estrutura familiar!

E as "ilícitas" o que seriam capazes de destruir?

Um beijo e aguardemos ...

Sonia Regina

Diário Virtual disse...

Sou totalmente a favor e apoio.

Anônimo disse...

Hugo, assunto realmente complicado, não consigo resolver se apoio a liberação ou não...

Sandra Gonçalves disse...

Sou contra, é droga e isso geraria campanhas pela legalização de qualquer outra droga.
Por mim até o cigarro teria que ser proibido.
Beijos achocolatados

Serginho Tavares disse...

Num país civilizado eu diria que sim eu sou a favor mas no brasil eu não posso dizer que sou a favor quando a população não tem acesso a educação!

Hope* disse...

Faço minha as palavras de Serginho Tavares!
Não acho que o problema esteja na maconha em si, mas em quem vai consumi-la... É preciso discernimento e bom senso! Por outro lado muita gente séria e honesta se arrisca indo comprar em bocada, alimentando o tráfico... Acho que o primeiro passo é trabalhar a discriminalização da erva, conhecer seus efeitos, seu uso medicinal... Enfim acho que é necessário toda uma preparação, para chegar a legalização!
Um Abç!

Adriano Berger disse...

Eu sou completamente contra a legalização devido o país subdesenvolvido em que vivemos não ter a estrutura cultural, social e judiciária preparada para administrar o aumento estrondoso do consumo e suas consequências para a coletividade.

Nos pequenos e organizados países da Europa, até que seria viável, mas no Brasil e EUA onde o índice de delinquentes é muito grande, uma política de tolerância seria o mergulho no definitivo caos social.

Abraços, Hugo!

Daniel Savio disse...

Eu sou conta a legalizão, pois com certeza, haverá mais maleficios do que beneficios...

Fique com Deus, menino Hugo.
Um abraço.

Anônimo disse...

Se legalizar todo mundo vai começar a fumar Skunk no Brasil...e aí um monte de gente vai ficar viciada. A abstinência é uma merda! E demora uma eternidade pra passar. O pior dos sintomas pra mim são as psicóses que duram um tempão até o organismo se desintoxicar, coisa que demooooora. Vc fica completamente louco, cheio de paranóia, medo, pânico, angústia. A ansiedade é muito grande além de diversos sintomas pelo corpo. Parece que vc tá doente , tua cabeça não para de rodar como um liquidificador mas teu corpo fica moído. Além disso tem falta de apetite, insônia, diarréia, calafrios/mãos e pés congelando alternando com ondas de calor com a cabeça fervendo, dor de cabeça, pesadelo toda noite, espasmos musculares, dores de estômago insuportáveis, enjôo que vai aumentando até vomitar, tremedeiras por todo o corpo, visão desfocando e dente trincando muito de nervoso.

Portanto, pense bem antes de falar bem da maconha. Maconha fraca vagabunda é uma coisa, maconha boa é outra.
Eu não entando o fato de álcool e tabaco serem liberadas e outras drogas como maconha, cocaína e heroína não. Porém eu não acho que as outras drogas devam ser liberadas só pq 2 que não eram pra ser são.