Há um cansaço da inteligência abstrata, e é o mais horroroso dos cansaços. Não pesa como o cansaço docorpo, nem inquieta como o cansaço do conhecimento pela emoção. É um peso da consciência do mundo, um não poder respirar com a alma.
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Então, como se o vento nelas desse, e fossem nuvens, todas as idéias em que temos sentido a vida, todas as ambições e desígnios em que temos fundado a esperança na continuação dela, se rasgam, se abrem,se afastam tornadas cinzas de nevoeiros, farrapos do que não foi nem poderia ser. E por detrás daderrota surge pura a solidão negra e implacável do céu deserto e estrelado.
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O mistério da vida dói-nos e apavora-nos de muitos modos. Umas vezes vem sobre nós como um fantasma sem forma, e a alma treme com o pior dos medos – a da encarnação disforme do não-ser.Outras vezes está atrás de nós, visível só quando nos não voltamos para ver, e é a verdade toda no seuhorror profundíssimo de a desconhecermos.
O mistério da vida dói-nos e apavora-nos de muitos modos. Umas vezes vem sobre nós como um fantasma sem forma, e a alma treme com o pior dos medos – a da encarnação disforme do não-ser.Outras vezes está atrás de nós, visível só quando nos não voltamos para ver, e é a verdade toda no seuhorror profundíssimo de a desconhecermos.
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Mas este horror que hoje me anula é menos nobre e mais roedor. É uma vontade de não querer terpensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo eda alma. É o sentimento súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se sóa cela é tudo?
Mas este horror que hoje me anula é menos nobre e mais roedor. É uma vontade de não querer terpensamento, um desejo de nunca ter sido nada, um desespero consciente de todas as células do corpo eda alma. É o sentimento súbito de se estar enclausurado na cela infinita. Para onde pensar em fugir, se sóa cela é tudo?
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E então vem-me o desejo transbordante, absurdo, de uma espécie de satanismo que precedeu Satã, deque um dia – um dia sem tempo nem substância – se encontre uma fuga para fora de Deus e o mais profundo de nós deixe, não sei como, de fazer parte do ser ou do não-ser.
E então vem-me o desejo transbordante, absurdo, de uma espécie de satanismo que precedeu Satã, deque um dia – um dia sem tempo nem substância – se encontre uma fuga para fora de Deus e o mais profundo de nós deixe, não sei como, de fazer parte do ser ou do não-ser.
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[Fernando Pessoa]
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17 comentários:
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Há quanto tempo não vinha aqui!
Gosto de textos com essa densidade, na verdade, uma sensibilidade ímpar! Gosto das palavras engravidadas desses nuances do desejo, do não-desejo, da dúvida, do que apavora, do que enclausura, enfim, do sentir mais legítimo.
Gosto de Pessoa. Gosto da vivacidade e da espirituosidade na ponta da pena. Gosto porque gosto não se discute. Só sei que me revela e faz-me um bem danado. O peso da consciência. Isso é parte-de-mim neste agora!
Abraço, menino! Saudades!
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Cheguei aqui por acaso e já fiquei conquistada, com Fernando Pessoa, de quem sempre gostei e com a música!
Vou voltar outras vezes...Gostei.
Bom Dia! Amo esse desassossego em prosa *pessoana*. Nem sei quem amo mais. Se o Pessoa, ou esta Linda Pessoa chamada Hugo.
Declaro-lhe: o meu amor por você não tem fim888888888888888888
Amor Sem Fim
U2
Corações desencaminhados
Igualei-me a eles
Quando fui embora
Bem quando precisaste tanto de mim
Não te vais arrepender
Voltarei pedindo
Não te esqueças!
Dá as boas-vindas ao Amor
que uma vez conhecemos
Sim
Abre os olhos
E verás
Por que eu disse que o meu Amor
Era sem fim
Preciso-te ao meu lado
Vem ser meu Amor Amado
Jamais serás rejeitado
Amor sem fim
Desde o começo
Abre o coração
Sente o Amor que tens
Amor sem fim
Amor perdura
Amor perdura
Corações desencaminhados
Igualei-me a eles
Quando fui embora
Bem quando precisaste tanto de mim
Não te vais arrepender
Voltarei pedindo
Não te esqueças!
Dá as boas-vindas ao Amor
que uma vez conhecemos
Sim
Quando o Rio do Amor flui
Ninguém realmente sabe
Até que alguém esteja lá para mostrar
O caminho do Amor duradouro
Como o sol o Amor brilha
Incansavelmente o Amor brilha
Sempre serás meu Amor
Amor eterno
Onde quer que o Amor tenha errado
O nosso Amor ainda é forte
Tivemos o nosso próprio Amor
Amor sem fim
Amor perdura
Amor perdura
Abre os olhos
E verás
Por que eu disse que o meu Amor
Era sem fim
Preciso-te ao meu lado
Vem ser meu orgulho
Jamais serás rejeitado
Amor sem fim
Desde o começo
Abre o coração
Sente o Amor que tens
Amor sem fim
Trad. da Renata.
Beijos, querido.
Rê
Quanto desassossego eim? Ler Fernando Pessoa ouvindo Bethânia é tudo querido ...
bjux
;-)
Complexo!!!
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@_@
Esse desassossego da alma Fernando descreve de forma tão complexa...Eu chamaria de dias ruins.
bjos achocolatados
o blog que me admira muito.,..,.esto gostando
Apenas viver a vida como der, apenas isto no dá força para viver...
Fique com Deus, menino Hugo.
Um abraço.
Ando lendo tanto Fernando Pessoa!
Gosto muito.
Bjs.
Escolher Fernando Pessoa é acertar sempre. Parabéns pela escolha.
Bjux
Cheguei em seu espaço através do "momentos"...gostei muito daqui...
abraço
Prémio para o "Nosso-cotidiano" no meu blog!
Há uma crise de inteligência que o abstrato não consegue sequer revelar.
Abraços, Hugo, e ótima sexta-feira.
Palavras que sempre nos dizem...
Bela escolha.
beeejo e saudades!
Hoje ofereci as cores da minha paleta
A uma amiga na sua dor
Ouvi seu choro ao meu ouvido
No fatalismo do desamor
Hoje o sono acordou-me
A nostalgia agitou suas asas cinzentas
Esqueci no acordar o ultimo abraço
E contei as nuvens que eram tantas
Abraço
Este Desassossego... é mesmo um desassossego!. Pessoa procurou sempre o seu caminho muito próprio, com vários recomeços...como quem levanta de novo as cartas de um baralho...talvez por isso, a necessidade de vários heterónimos...num só corpo, ele sufocava...de múltiplas mortes constituiu a sua existência e, por certo, outros tantos nascimentos...
Pessoa, para mim... é sempre uma surpresa...
penso que o escritor gostaria desta música de fundo...
Beijo
Graça
Acho que faço parte do "não ser" por apenas "ser" nesse desassossego que me acorda de madrugada...
Um abraço!!
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