domingo, 17 de maio de 2009

Sonhos


Eu tenho uma espécie de dever

dever de sonhar ,

de sonhar sempre ,

pois sendo mais do que

uma espectadora de mim mesma,

Eu tenho que ter o

melhor espetáculo que posso.

E assim me construo a ouro e sedas,

em salas supostas, invento palco, cenário

para viver o meu sonho entre

luzes brandas e músicas invisíveis.


(Fernando Pessoa)

9 comentários:

Nanda Assis disse...

muito especial este texto

bjosss...

Fernanda Magalhães disse...

Sonhar é vida.

Bjos querido.

Saudades!

Paula Barros disse...

O que seria do ser humano se não fosse os sonhos....toda a energia que move em busca de realizá-los.

abraços, ótima semana.

Pelos caminhos da vida. disse...

Meu blog esta comemorando um ano, tem presente la pra vc.

beijooo.

Serginho Tavares disse...

fernando pessoa é deus!

Marcia Rocha disse...

OLHE
mensagem: Quando estiver em dificuldade e pensar em desistir,
OLHE PARA TRÁS e lembre-se dos obstáculos que já superou.


Se tropeçar e cair, levante, não fique prostrado,
OLHE PARA FRENTE e esqueça o passado.

Ao sentir-se orgulhoso por alguma realização pessoal,
OLHE PARA DENTRO e sonde suas motivações.


Antes que o egoísmo o domine, enquanto seu coração é sensível,
OLHE PARA OS LADOS e socorra os que o cercam..


Na escalada rumo à altas posições, no afã de concretizar seus sonhos,
OLHE PARA BAIXO e observe se não está pisando em alguém.


Em todos os momentos da vida, seja qual for sua atividade,
OLHE PARA CIMA e busque a aprovação de DEUS!

(André Luiz).
Adori o seu blog leve meu selo awards de presente , abraços.

Cadinho RoCo disse...

Precisamos de sonhar sempe. Espero que acidente com você não tenha sido grave.
Cadinho RoCo

Poeta Mauro Rocha disse...

Pessoa traduz pessoas.

Um abraço!!

. intemporal . disse...

e porque Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa disse na Tabacaria:

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

[...]

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

[...]

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!

[...]

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

[...]

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

[...]

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

[...]

Deixo-TE um abraço e o desejo de um fantástico fim de semana!