quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Tempo que foge!






Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: – Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.

Soli Deo Gloria.
Autor: Ricardo Gondim 
Foto: aqui

6 comentários:

jair machado rodrigues disse...

És um menino começando a vida querido amigo Hugo rs...já não temos mais tempo para lidar com mediocridade, o tempo se esvai, como areia na mão e poderemos nos asfixiar e não chegar na saída...não, não temos mais tempo.
Um bom texto para se refletir um pouco mais a sério do que tentamos.
ps. Meu carinho meu respeito meu abraço.

Wanderley Elian Lima disse...

Excelente texto. Por isso temos que aproveitar cada minuto de nossa vida.
Um abraço

Luma Rosa disse...

Esse texto não é de Ricardo Gondim! Ele simplesmente plagiou o texto, reescrevendo e trocando o título e as frutas. O verdadeiro autor é Mario Pinto de Andrade, escritor e político angolano, de nome completo Mário Coelho Pinto de Andrade (1928-1990)
Leia a crônica do Cacá (José Claudio)

Diogo Didier disse...

Q lindo, Hugo. Peço autorização para postá-lo no meu blog, pode ser?!

Bjoxxxxx no coração!

Sônia disse...

Gosto muito desse texto.

Como vai você, Hugo? Tudo bem por aí? Anda sumido do blog...rs


Um abraço!

Graça Pereira disse...

Como compreendo o autor...Também fiz essas contas e sei que tenho menos tempo para a frente do que aquele que ficou para trás... Mas temos tempo ainda para VIVER porque...há momentos que encerram toda uma vida.
Abraços
Graça